Caminho de casa
O ônibus estava cheio e eu voltava do serviço. O trânsito era pesado, como normalmente acontece nos dias de chuva. Não havia lugar depois da roleta e resolvi sentar ao lado daquele homem. Não sei ao certo se era um senhor de idade. A pele negra costuma rejuvenecer e disfarçar os anos corridos, mas ele já tinha passado dos cinqüenta, com certeza.
Apesar de gostar de observar os outros passageiros quando estou no ônibus, evito olhar para os que estão sentados ao meu lado para não acharem que sou meio psicopata. Só reparei que o homem ao meu lado estava lendo um livro. Tentei descobrir qual era mas não quis que ele se distraisse da leitura - acho desagradável ler por cima do ombro dos outros. Tanto para o primeiro leitor, quando para o leitor intrometido. Minha atenção acabou se voltando para estampas, sapatos e conversas altas dentro do ônibus.
Um ponto antes do meu, o senhor ao meu lado pediu licença. Me levantei para dar passagem e só então reparei que ele estava usando muletas. Reparei então, que ele estava com a barba meio grisalha por fazer. Que tinha os olhos claros, já cerrados - fosse pela força da gravidade ou pela gravidade da vida - mas parecia enxergar mais que os outros. Parecia enxergar além. Tinha os gestos firmes e seguros, mas trazia algo sereno em seus movimentos.
E então, naquele momento, imaginei porque ele estaria usando muletas. Se tinha sido um acidente doméstico, se era problema de saúde, se ele tinha sido baleado e estava se recuperando de algum ferimento. Me arrependi de não perguntar que livro ele estava lendo, de onde ele era. Se tinha família, se era daqui mesmo ou se vinha de algum lugar distante, mas imaginei que ele seria do tipo mais quieto, e renderia assunto comigo mais por educação. Nesta altura do percurso, ele já tinha descido do ônibus e eu já estava quase chegando em casa. Bendita seja a imaginação!, que encurta as distâncias e faz o tempo passar rápido.
Apesar de gostar de observar os outros passageiros quando estou no ônibus, evito olhar para os que estão sentados ao meu lado para não acharem que sou meio psicopata. Só reparei que o homem ao meu lado estava lendo um livro. Tentei descobrir qual era mas não quis que ele se distraisse da leitura - acho desagradável ler por cima do ombro dos outros. Tanto para o primeiro leitor, quando para o leitor intrometido. Minha atenção acabou se voltando para estampas, sapatos e conversas altas dentro do ônibus.
Um ponto antes do meu, o senhor ao meu lado pediu licença. Me levantei para dar passagem e só então reparei que ele estava usando muletas. Reparei então, que ele estava com a barba meio grisalha por fazer. Que tinha os olhos claros, já cerrados - fosse pela força da gravidade ou pela gravidade da vida - mas parecia enxergar mais que os outros. Parecia enxergar além. Tinha os gestos firmes e seguros, mas trazia algo sereno em seus movimentos.
E então, naquele momento, imaginei porque ele estaria usando muletas. Se tinha sido um acidente doméstico, se era problema de saúde, se ele tinha sido baleado e estava se recuperando de algum ferimento. Me arrependi de não perguntar que livro ele estava lendo, de onde ele era. Se tinha família, se era daqui mesmo ou se vinha de algum lugar distante, mas imaginei que ele seria do tipo mais quieto, e renderia assunto comigo mais por educação. Nesta altura do percurso, ele já tinha descido do ônibus e eu já estava quase chegando em casa. Bendita seja a imaginação!, que encurta as distâncias e faz o tempo passar rápido.
11 notas:
Tsc, tsc, tsc. Esses psicopatas, nunca sabem diferir muito bem o que é real e o que a imaginação completa...
=D
Por falar em realidade e ficção, já tive essa conversa com você ou é impressão minha?
=D
Nada de impressão, Sr Anônimo... tudo virtual... tudo virtual... ;)
Não ouse deixar de imaginar. Mesmo que o velhinho não passasse de um soturno professor de interiores I lendo um livro do Niemeyer, você pode imaginar o que quiser, e isso é bem mais divertido. :)
"Sometimes it's better to stay in the dark, kid."
- The Truth
Eu me pergunto se os maiores momentos de introspeccao que tive na minha vida foram dentro dos onibus de B.H... sei lah, a imaginacao meio que voa quando vc estah em um lugar lotado de gente que faz todo o possivel para ser ignorar.
Normalmente gosto de ônibus pela abundância de material humano dentro dele... Outras vezes, deixo de gostar exatamente por isso... rsrs
E esqueci de comentar que a postura do senhor do ônibus, o livro, a seriedade no seu rosto e os olhos davam um mistério extremamente charmoso, mas ao mesmo tempo ele tinha um jeito de quem não tem nada a esconder..
Multiplique experiencia do onibus por 3x, que dah a experiencia do metro de Nova York... Judeus ortodoxos e punks no mesmo vagao... mas todos caminhando irracionalmente, sem se falar, na mesma direcao... como vacas indo pro abatedouro. As vezes me fascina, as vezes me incomoda.
é... realmente posso dizer que imaginar o mundo das pessoas faz com que muitas vezes a gente consiga desligar dos problemas q a gente tem!
Bjinho p vc!
Então beleza, ou. Atualiza aí, ô ogbbyk!
Pri, acho que vc é muito nova pra esse cara... Para de viajar errado! Oh falta de sensibilidade minha! É que a principal coisa que eu penso dentro do ônibus, principalmente dentro do 4111, é: "Se esse ônibus pular de novo, onde eu vou segurar?" ou "Ai, queria tanto um assento! Quem aqui tá com cara de "estou partindo?" Mas tenho outro passatempo pra dentro do onibus! Olhar como as pessoas giram as cabeças sincronicamente qd o onibus vira. Mas para isso, sente-se atrás, no banco superior!
Ah! Acabei de lembrar da história do tatu bola, em que eu perguntava pra ele cadê o papai e a mamãe do tatu, como vc se perguntou em relação ao senhor ao seu lado.Mas a Bela, sem esitar pisa em cima do tatu e diz: "Pronto! Matei!" Que bom que vc não matou o velho Pri! A minha irmã poderia...
Amiga Mari, acho que você tá precisando de ajuda profissional... Mas faz assim: não muda, não pois eu gosto de você do jeito que você é, doidinha de jogar pedra!
Postar um comentário
<< voltar