terça-feira, dezembro 12, 2006

Contato Virtual

Ei, moco!

Nao vou nem gastar muito tempo perguntando como foi seu mes e meio em Nova Zelandia. Daqui a um tempo teremos a chance de sentar em um lugar qualquer, no café do Belas, por exemplo - fiquei sabendo que o Café Tres Coracoes virou loja da Claro - para tentarmos (e falharmos) na tentativa de achar palavras para descrevermos nossas viagens. Por isso, nao esqueca: leve fotos. Uma para cerca de 1000 palavras e uma media boa, ja dizia alguem por ai.

Acho que, no final das contas, pela diferenca de tempo que tinhamos para gastar, cada um foi para no lugar certo, e isso nao e muito dificil de concluir. Pelas suas fotos e pelo seu ultimo e-mail, deu pra ver o tanto que voce curtiu cada momento do outro lado do mundo. E viagem e isso mesmo: se jogar! Fazer tudo aquilo que temos - e, em alguns casos - nao temos direito, rs rs...

Outro dia, saindo do Tim Hortons na Yonge Street com um Hot Chocolate na mao (sim, comeco a falar como o povo de Greenville), comecei a pensar sobre nossas experiencias e cheguei a uma conclusao. Na NZ voce viveu uma paixao avassaladora, aquelas de encher os olhos e fazer o coracao bater mais rapido - e, no seu caso, quase sair pela boca a cada queda livre, bungee jump, mergulho etc. Uma paixao louca vivida com toda a intensidade que e permitida, e quase exigida, na combustao desse sentimento. Com certeza, outras paixoes virao, mas essa primeira vai ficar pra sempre guardada.

Eu, no caso, sinto que comeco a viver em Toronto. E ao viver em Toronto, passo tambem a viver com Toronto o inicio de uma historia de amor. Depois de mais de tres meses aqui, consigo ver coisas que nao gosto muito, aspectos que mudaria se existe a possibilidade. Desejaria que a cidade nao fosse tao fria (em alguns momentos, e valido o duplo sentido).Todas as belezas daqui - da diversidade de linguas faladas nos vagoes do subway a funcionalidade das caixas do Metronews, 24 Hours e outros jornais gratis devidamente locadas a cada esquina - ainda me encantam. E acho que sempre irao me encantar. Mas, de certa forma, ja comeco a me acostumar com tudo isso. Defeitos e qualidades.

E quando dou uma viajada para algum lugar aqui perto, como aconteceu quando fui para Quebec, Montreal e Otawa, comeco a desejar chegar em casa, mas na minha casa daqui. E me pego ansiando pela hora de tomar banho no chuveiro que tenho aqui, e sentindo vontade de comer o ovo-cozido-na-noite-anterior-e-comido-frio-no-dia-seguinte - coisa que, no comeco, achava estranhissimo mas agora adotei o habito. O jeito mais rude do chines ja nao me irrita tanto. E ja passei tempo e situacoes o suficiente com eles para saber que nao achar que estou formando um pre-conceito: eles, definitivamente, nao sao meu povo preferido. Ah! E ja estou comecando a esquecer algumas palavras em portugues, tipo... couve.

A frequencia do disparo do botao da maquina digital ja nao e tao alta. A maquina esta sempre na bolsa, mas ja tem coisas que prefiro olhar sem ser atraves do quadro, mas a olho nu. E, naturalmente, tem coisas lindas por quais passo todos os dias e ja nem enxergo mais. Rotina... Elemento essencial a fatal e indispensavel capacidade do ser humano de se adaptar, se acostumar.

Ja me dou ao luxo de nao sair correndo a tarde para visitar algum museu, parque ou atracao turistica. Programa gostoso tem sido ficar em casa a tarde, conversando com a Pearl, xodo de senhora grega com quem moro, e ver o fim do dia deitada na cama tomando cha e lendo um livro. (To lendo romances, ce cre? Nada de artigo sobre o efeito da internet no processo de mundializacao da palavra. Redescobri o prazer desse tipo de leitura - so que, dessa vez, em ingles.)

E agora que estou pra la do ultimo quarto desta viagem e comeco a pensar na volta pra casa - casa no Brasil, agora faz sentido esclarecer - alem do frio na barriga usual causado pela tipica sensacao do "back to reality", da uma dor la no fundo pensar em me separar de tudo isso. Toronto nao e cidade perfeita. Assim como Vancouver tambem nao era, apesar de eu quase fazer parecer. Mas eu bem que saberia conviver com ela. E acho que, assim como no primeiro amor, nos entenderiamos muito bem.

Saudades do Brasil? Naturalmente. Vontade de abracar a familia, rever os amigos e tentar mudar algumas coisas por ai. Afinal, brasileiro que e brasileiro nao desiste nunca, rs rs... Mas a verdade e que comeco a nao so perceber, mas experimentar na pratica que outras vidas e outros amores sao possiveis. E, olha que cliche!, nesta minha nova historia de amor, a distancia vira antagonista. Que nos aguarde o café do Belas Artes. Como diria o rei, sao tantas as emocoes...

Nota: Adaptacao de um e-mail enviado a um amigo com quem planejei vir para o Canada e nossos planos acabaram por tomar rumos opostos. Bem, nao opostos, mas quase perdendiculares entre si. (Adaptacao, logico. Algumas coisas tive que censurar... ;P)

8 notas:

Anonymous Anônimo disse:

Lendo sua carta, vi os pequenos detalhes que fazem da vida essencial. Como vc mesmo disse, o Belas. Como o nosso olhar muda qd estamos fora do Brasil! Eu mesmo passei ontem lá com o Rapha, mas não ficamos lá não, fomos no Asa Cabrasa, nem demos bola...
É assim mesmo, qd eu estava nos EUA, lembro que eu morria de saudade de simplesmente caminhar pela Prudente, e por incrível que pareça, até senti saudade de pegar ônibus... hehe
Aiai... Mas essa saudade masoquista já passou, e como!!!
Outro dia encontrei com a Gabi no elevador e perguntei como o Dani estava lá em Nova Zelândia e ela me contou que ele já tinha voltado. Pensei: "Putz, o tempo tá voando!"
Amém né! Logo logo terei a Pri aqui na minha cozinha!!! Iuhuuu!
Fala com o Dani que na próxima sessão Grey´s Anatomy eu estou dentro!
Pri, continua curtinho tudo aí. Porque quando vc voltar, vai lembrar tb desses pequenos detalhes da vida canadense.
Pega a receita do "ovo-cozido-na-noite-anterior-e-comido-frio-no-dia-seguite" hehehehehe
Eu sei que é difícil deixar tudo isso pra trás, despedir das pessoas e tudo mais. Mas vc poderá manter contato e até voltar e visitar. Depois de muito tempo, a dor se transforma numa saudade gostosa, em cartas que alegram tanto o nosso dia.
Você vai olhar pra trás e pensar "Valeu! Apesar de toda lágrima, valeu!"
Aprendi uma coisa com o meu intercâmbio: que distância não se mede em quilômetros, mas na qualidade dos relacionamentos.
Aproveita aí até o último segundo, e depois volta pra cá, que tem uma penca de gente morrendo de saudades de vc!
Te amo amiga! Bjos!

4:04 PM  
Anonymous Anônimo disse:

[modo ironia silenciosa ON] "Logo logo terei a Pri aqui na minha cozinha!!! Iuhuuu! Fala com o Dani que na próxima sessão Grey´s Anatomy eu estou dentro!" [modo ironia silenciosa OFF]

ow... que saudades... vê se volta antes de eu ir embora viver essas coisas todas tb (só que uns 10mil km mais perto)...

9:08 PM  
Anonymous Anônimo disse:

Não entendi Moraleida, como assim? Explain yourself! :-D

10:13 PM  
Blogger Priska disse:

Ok, preciso confessar: os comentarios insanos dos meus leitores mais assiduos estao aumentando meu medo de voltar...

Richard, voce esta indo pra Sampa mesmo? E certo? Ja teve o retorno de alguma das companias?
Saio de Toronto dia 05 de janeiro mas paro em Sampa alguns dias para visitar familia e para tornar a transicao mais gradual. Afinal, de Toronto direto para BH pode ser um choque e tanto. ;P (E, em off, digamos que alguns planos futuros estao sendo considerados.)

Mari, nao liga pra ele nao. O Ricardo nunca comeu pao de queijo cru assistindo Grey's Anatomy. Ele nao sabe como funciona esse doce momento de felicidade nas noites de tercas em Beaga.

1:25 PM  
Anonymous Anônimo disse:

Já que a moda agora é comentar os comentários da Mari, venho contribuir com uma perspecitva psicológica de um trecho da fala de nossa amada amiga, Mariana Horta:


"Pri, continua curtinho tudo aí".

"Continua curtinho"? ATO FALHO!
E posso dizer que esse foi um ato falho que traduz uma necessidade coletiva que paira sobre nós: a vontade louca de que a Pri volte logo pra BH e realmente fique bem curtinho tempo no Canadá.

Bem, mas não desconsideremos o sentido não-latente dessa frase, que é o desejo que temos, por outro lado, de que nossa amiga Pri continue CURTINDO essas bandas de lá...

Beijos e saudades!!!

3:48 PM  
Anonymous Anônimo disse:

Lili, mané sentido latente!!!! Vou ficar mal falada nesse blog!
Pelo menos meu braço é maior que o seu, né Lili!!!
huahauhauhauhauhauah (só a Lili entendeu)
E sim Pri, o Ricardo não entende nada de pão de queijo cru!

11:37 PM  
Anonymous Anônimo disse:

hahahahaha (...) adoro piadas internas!
pri: saudades!!!

11:05 PM  
Anonymous Anônimo disse:

É... o meu "intercâmbio" foi um pouquinho maior que o seu ( 6 anos no total morando fora)... dá pra ver Belo Horizonte se tornar totalmente renovada, envelhecida, caótica... As lojas mudam de lugar, prédios crescem do nada ( O que era o Belvedere em 1999?) e amigas de 1o ano de colégio viram advogadas e jornalistas.

E o meu café com letras, onde eu ia com 13 anos pra posar de intelectual, continuou lá -- apesar de ter virado point GLBTS. A Savassi, claro, perdeu seus grunges, sk8teiros e punks, e ganhou o pátio Savassi com seus emos ocasionais...

Para com alguns lugares que fui, tive histórias de amor. Outros, nem tanto, até muito pelo contrário. Tem uma frase do filme RENT (que se vocês não assistiram é um must) que diz

" It's a comfort to know; when you're singing the 'hit-the-road-blues', that anywhere you could possibly go after New York would be a pleasure cruise'"

Não sei se é verdade: voltar de NY a BH não foi fácil. Adorava aquele lugar; mesmo vivendo na pobreza absoluta do Queens e trabalhando mais do que devia.

Esse "ir e voltar" é uma constante comigo -- e é um pouco incompactível com quem diz que acima de tudo ama BH.

7:04 AM  

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