sábado, fevereiro 24, 2007

Bem atrás do trio elétrico

Este ano tinha decidido pular o carnaval. Não pular o carnaval, tipo, "Nóóóó véi, pulei o carnaval!!! O melhor do muuundo, biiicho, doidimaaaaaais!". Não é isso. Tinha decidido pular o carnaval e aproveitar o feriado de um jeito bem tranquilo, como tenho preferido de fazer nos últimos 22 anos. Nunca fui muito fã dessa bagunça toda. De funkeiro com caixa de som no porta-malas e pagodeiros em rodinha disputando cada esquina de toda e qualquer cidade praiana ou do interior. E, de volta ao Brasil a pouco mais de um mês, sentindo uma saudade absuuurda do Canadá, curtir uma praia me parecia a melhor alternativa para me sentir mais habituada em território nacional.

Vale dizer que também sou contra essa destruição organizada e em massa de cidade histórica. Acho que existe um projeto não-divulgado mas muito bem feito por trás de cada uma dessas tsunamis demográficas que já detonaram Ouro Preto, estão trabalhando pesado em Diamantina agora e chegando em Tiradentes. Mas como é o carnaval que inaugura o novo ano no Brasil, também não vale deixar passar batido. Não sou como meu pai que acha o máximo falar "nesse carvanal não saí de casa nem para ir a padaria!', todo orgulhoso de ter ficado 5 dias direto sem ver a cara da rua. Mas eu respeito essa coisa de genética e já tinha decidido: este ano quero sombra e água fresca, caminhada e sorvete a quilo, fim de tarde na areia e ponto. Ou quase isso. E foi mais ou menos assim que tudo isso aconteceu...

Destino: Marataízes. Saída: terminal rodoviário de Belo Horizonte. Não sei se faz sentido contar esta história pois tenho a impressão de que estava todo mundo lá. Enfim...

O ônibus estava marcado para 22:56 da noite mas saímos da rodoviária por volta de duas da manhã. Das três horas que ficamos lá, 20 minutos foi pra descer a escada para chegar na plataforma (sabe aquela? que normalmente se desce em 30 segundos? então... essa mesmo). O resto do tempo, só diversão. Éramos três garotas, sentadas em suas malas e rodeadas por rodinhas de pagode, cofres cabeludos de fora e umbigos suados. Cena difícil de apagar da mente. Mas tem uma hora que você tem que decidir entre iniciar uma chacina ou tomar um Rivotril. Na falta de uma bazuca e de medicamento pesado, resolvemos jogar adedanha e cantar ao som do mp3 player que mal se fazia escutar. A fumaça dos ônibus era amenizada pelo cheiro de maconha que tomava conta do ar. E no ar ficava também a pergunta: por que a galera comemorava o aparecimento de um ônibus que chegava com 3 horas de atraso? Isso é coisa de brasileiro mesmo... E só pra constar: o ônibus tava tão atrasado que quando apareceu na entrada do terminal, trazia em seu letreiro "Feliz Ano Novo!" em pleno fevereiro. Sem maiores delongas, entramos no busão e ao depois de 10 horas chegamos à Marataízes.

Primeira impressão: ô, povo feeeeeeeeio! O Bloco da Saudade, famoso na cidade, deve ser chamado assim em homenagem aos tempos em que o bloco era bom, só pode. Mas ao bem da verdade, deu para curtir muita praia, água de côco, almoço às quatro da tarde, o amanhecer praiano e as novas amizades com o pessoal que ficou na casa. Apesar de muita gente não se conhecer antes de ir para lá, a convivência foi como se fosse uma grande família. Clima gostoso, conversa boa e muita, muita risada. Dias ótimos que vão deixar saudades.

Deixamos Marataízes na quarta à noite com aperto no coração. Parece que algumas experiências são tão boas que ficam guardadas em nós quase como sonhos. E despedir do pessoal que ainda ia ficar mais uns dias foi difícil, apesar da amizade recente. Troca de e-mails, telefone, orkut msn e tudo mais. Embarque no ônibus e ultima impressão de Marataízes: esse povo é feio meeeeeeeeeeeeermo!

De volta à Beagá, a sensação de voltar para a rotina vem à tona, mas o sentimento não é tão ruim quanto era de se esperar. E carnaval também é cultura, tiro deste duas lições: 1º, que rotina deve existir simplesmente para ser quebrada. Só assim sair dela faz sentido e é algo tão prazeroso. 2º, próximo carnaval, pego um avião. Nem que seja pra Betim. Agora é esperar mais quarenta dias para aproveitar a semana santa. E vamo que vamo...

10 notas:

Anonymous Anônimo disse:

povo feio é o que vem de busão de Benagacity comendo marmitex em plena madrugadae falando pelos cotovelos e em tom que nem o mesmo filme do Santo dá para superar

11:01 PM  
Blogger Gude disse:

Atualizou o blog? Não... Esse carnaval só pode ter dado coisa boa mesmo, pois até atualizar o blog você atualizou. :D

Beijo, querida!

10:23 AM  
Anonymous Anônimo disse:

Reitero os protestos do blog desatualizado... Sei que é nonsense existencial, mas não vivemos sem ele!

Carnaval é lama... sempre foi, pra mim. Pq de boa, sair correndo atrás de trio elétrico é uma idéia surreal pra mim.

Mas pelo menos te inseriu de volta na brasilidade das coisas!

11:29 AM  
Blogger Priska disse:

brasilidade das coisas... à medida em que vou me aprofundando nesse assunto, temo ser um poço sem fundo...

e a própria crise existencial entrou em crise: ela está na dúvida se existe ou não.

11:55 PM  
Blogger Gude disse:

Ou!

11:35 AM  
Anonymous Anônimo disse:

fidámãe, ahh que inveja!
passa no meu flog!
bjus

6:55 PM  
Anonymous Anônimo disse:

falando em flog ... cade a atualizacao do blog?

Se e quando vc atualizar, te passo link do meu flog-blog...

5:53 PM  
Anonymous Anônimo disse:

Bandonô?

8:12 PM  
Blogger lili disse:

daqui a pouco esse post completa aniversário...kkkkkkkk

11:19 AM  
Anonymous Anônimo disse:

Ou! Olha aí uma chance pra você tirar a poeira do blog. Visita o meu blog pra você ver.

E vê se aparece!

10:45 AM  

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