terça-feira, novembro 28, 2006

Bureaucracy ate aqui

E nao e que a maldita me alcancou?

Subiu um bocado rumo ao norte, sobrevoou parte do Atlantico, deve ter enfrentado dificuldades para passar pelos Estados Unidos, afinal, ela ta no meio disso tudo, e me achou aqui. Em Toronto. Inacreditavel.

Inventaram que eu tinha que fazer essa tal prova do ENADE que aconteceu no dia 12 de novembro ai, referente a minha segunda habilitacao em publicidade. Assim, de repente. Inventaram que era obrigatorio para averiguar a qualidade do ensino (Deus do Ceu, sera que eles ainda nao se convenceram de que e pessima?) e inventaram que quem nao pudesse atender ao exame deveria enviar, ate o dia 31 de dezembro deste ano, a justificativa pelo nao-comparecimento (soa melhor que ausencia, ne?) junto com copias autenticadas de documentos que possam comprovar o motivo. Ai (geograficamente falando), minha palavra nao basta. Se nem a de nossas autoridades maximas basta, quem dira a minha, a nossa, meros mortais.

La fui eu procurar saber como poderia fazer para providenciar o necessario e envia-lo via correios para o Brasil. Copia autenticada? Que isso? Aqui eles nao usam copia autenticada. Para quaisquer fins, o xerox padrao basta. Como em qualquer lugar deveria bastar.

Me aconselharam a, se realmente importante e necessario, tentar conseguir um carimbo do consulado brasileiro no xerox do meu passaporte, em cima do visto. Resumo da opera: to indo no escritorio brasileiro daqui a pouco, matar horario de almoco, pois o horario de funcionamento e de 9 as 13, (vou aproveitar e deixar meu CV tambem...).

Anyways, me desejem sorte! E vou parar de falar desse negocio de copia autenticada por essas bandas. Vai que a moda pega. Ai, nem vai dar tanta vontade de ficar por aqui.


Nota mental egoista: eu entendo o motivo da copia autenticada no Brasil, so nao acho que ela deveria se aplicar a mim.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Todas as belezas do mundo


As palavras que troquei com um amigo ainda este ano (2006, certo?... sim, sim, 2006) estao, de fato, se concretizando por estas bandas de ca. Conversavamos sobre o aprendizado de uma nova lingua e sobre como o processo se assemelha a algo parecido com a descoberta de um novo mundo.

Tenho experimentado exatamente isso: a partir do momento em que voce deixa de enxergar o aprendizado ou aprimoramento de uma lingua estrangeira como mero processo de melhoria de seu "arsenal comunicativo" e passa a encarar cada palavra e expressao aprendida como uma porta ou janela aberta - ate mesmo uma brecha - seu mundo tem a doce e cruel capacidade de, pelo menos, duplicar de tamanho.

Doce porque toda hipotese de descoberta traz em si o gosto prazeroso do algo novo, do impensado, do ainda-nao-visto ou nao observado. Cruel porque, acostumados a viver em nosso proprio - e muitas vezes pequeno - mundo, a descoberta de um outro mundo com todas as singularidades, regras e execoes, encantos e disparidades que sao proprios de cada mundo pode exigir de nossa mente, coracao e espirito uma elasticidade alem do normal. E esse processo de expansao/alongamento, como acontece com o proprio corpo humano, pode gerar desconforto e, em alguns casos, caibra. Mas depois passa.

Trabalhando boa parte das minhas manhas em cima de pesquisas sobre eventos que acontecem em Toronto, nao percebi ao certo quando aconteceu a mudanca: deixei de ler com a simples finalidade de adquirir informacoes para transmitir aos editores do jornal matutino e passei a ler e pesquisar pelo puro prazer de conhecer Toronto e suas diversas manifestacoes. E acreditem: essas nao tem fim...

Acredito, mais do que nunca, que a melhor forma de se conhecer uma cidade e andando a pe por suas ruas, eventualmente se perdendo e pedindo informacoes para os que cruzam seu caminho. Funciona muito bem, mas nem sempre isso e possivel. Toronto e uma cidade imensa, com uma diversidade cultural mais vasta ainda. E, definitivamente, o limite diario de 24 horas somado as baixas temperaturas (no inicio do dia, -2ºC, agora, 2º), dificulta um pouco essa caminhada descompromissada em busca de novas coisas para ver, sentir, comer, fotografar e experimentar. Por isso, a internet surge como ferramenta indispensavel para infinitos passeios virtuais por essas bandas - pelo menos virtuais pra inicio de conversa, ou jornada.

Um exemplo: um dos inumeros wesbites sobre eventos culturais na cidade traz na home um poema sobre charutos e, la no meio, uma pagina sobre arte contemporanea que te leva para outro site que tem um texto otimo sobre um artista cubano, que esta com uma exposicao muito legal no Royal Ontario Museu. No site do museu, voce acha uma secao sobre arquitetura moderna em Cuba e descobre que, na cafeteria que voce foi na semana passada, as fotos na parede eram, de fato, como voce comeca a supor, desse mesmo cara que esta com a exposicao no ROM. Mas nada de charutos cubanos. Entendeu? Se sim, me explica, eu ainda estou tentando.

Toronto - e todo lugar por onde passamos com os olhos realmente abertos - e meio assim: quando voce acha que esta chegando em algum lugar, descobre que, na verdade, esta na metade de outro caminho. Ajam olhos para ver, perna para caminhar e alma para aguentar.

Ja decidi e providenciei o necessario para estender a minha estada aqui no Canada um mes alem do previsto. Mas, ainda sim, nao e suficiente. Nao e possivel conhecer um novo mundo em 4 semanas adicionais. Seja atraves de passeios virtuais, reais ou da mistura dos dois. O tempo, definitivamente, nao e suficiente para vermos todas as belezas do mundo.

>>> O nome do artista cubano que mencionei e Carlos Garaicoa, e a foto no alto, tirada no ROM, e de uma parte da exposicao dele. As pecas sao feitas de papel de arroz, aco, fios eletricos e bulbos. (foto: www.rom.on.ca).